Representantes de bancos e da B3 participaram do 17º Congresso Brasileiro do Agronegócio, realizado na última segunda-feira (6/8), em São Paulo, e apontaram os impactos do tabelamento do frete sobre o setor. Para Carlos Aguiar Neto, diretor de agronegócios do Santander, a greve dos caminhoneiros e a instituição da tabela do frete criaram um problema de risco de preços, e não de financiamento. "O frete faz parte da composição da cotação das commodities, e o agricultor não está conseguindo escoar a sua produção. O banco portanto, alonga os prazos de empréstimos até que a questão do transporte se normalize."
O superintendente de agronegócio do Bradesco, Rui Pereira Rosa, destaca que o tabelamento do frete impulsionou o setor a investir em sua frota própria. "O produtor passou a pensar em ter caminhão próprio, e esse investimento concorre com outros em maquinário." Rosa ainda acredita que, a incerteza sobre o frete afeta o planejamento da safra 2018/2019 em termos da precificação dos produtos colhidos.
Já Tarcísio Hübner, vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, enfatiza que a tabela do frete afeta a cadeia do agronegócio como um todo e isso deve incentivar os produtores a buscar crédito rural nas instituições financeiras. "Não teremos falta de recursos. O banco vai atender à demanda que pode advir da ausência de negociação futura."
>> “Próximo governo tem que priorizar infraestrutura e logística”
>> Brasil precisa retomar o trem da história, diz embaixador nos Estados Unidos
Para Fábio Zenaro, diretor de produtos balcão, commodities e novos negócios da B3, o contexto macroeconômico exige buscar recursos na iniciativa privada e repensar os modelos de financiamento do agronegócio. "Uma maneira eficiente das empresas captarem recursos é no mercado de capitais, onde o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) tem crescido. Com um volume de R$30 bilhões, há demanda e oferta e reforça a importância da diferenciação de fontes de financiamento", diz. Segundo ele, o termo crédito rural está em desuso e hoje é mais usual chamá-lo de capital de giro ou investimento para o setor do agronegócio, que reúne vários investimentos.
O diretor da B3 ainda ressalta que o Brasil precisa implementar um modelo semelhante ao do mercado internacional e que a alocação de recursos seja oportuna e segura. "O sistema financeiro precisa melhorar a segurança jurídica no que diz respeito a ajustes e regulamentações. Entendo que subsídios devem existir, mas para locais específicos", afirma Zenaro.
Zenaro aponta que o investidor final acaba colaborando indiretamente em destinar recursos. "Títulos como CRA e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) são um estímulo para o investidor final, que tem interesse nesses recursos e colabora indiretamente para expandir o setor agrícola", explica o diretor da B3.
O vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil também enfatiza a importância do investidor estrangeiro. "Estamos preparando para a virada de investimentos e infraestrutura. Devemos buscar recursos em fontes externas e precisamos estar com as portas abertas para investidores que queiram olhar para o nosso país", diz Tarcísio Hübner.
E o diretor da B3 completa: "O investidor estrangeiro é importante na liquidez de diversos mercados. Agora precisamos entender como ele pode desempenhar um papel mais ativo também no agronegócio."
>> Regras do comércio exterior devem ser mantidas, diz diretor da OMC
Gosta das matérias da Globo Rural? Então baixe agora o Globo Mais e acesse todo o conteúdo do site, da revista e outras publicações impressas do Grupo Globo no seu celular.
Source: Rural
Source: Import Rural